Setembro é palco, anualmente, de iniciativas de conscientização e combate ao suicídio, em um movimento conhecido como Setembro Amarelo. Um dos principais problemas relacionados ao suicídio, a depressão é também um grave problema de saúde pública. Mas, qual a relação entre depressão e obesidade?
Tudo! Depressão e obesidade têm uma relação íntima entre si, mais do que muita gente imagina: uma pode ser causa da outra, compondo uma perigosa via de mão dupla e um potencial ciclo vicioso.
Por motivos que entenderemos ao longo deste artigo, depressão e obesidade têm uma relação íntima que pode ser extremamente danosa à vida das pessoas, estando, infelizmente, associadas a muitos casos de suicídio em todo o mundo.
Assim, nossa intenção hoje é conscientizar as pessoas em geral sobre a seriedade da relação entre depressão e obesidade e ajudar as pessoas que possuem esses problemas a buscar novas perspectivas, ganhando saúde e qualidade de vida.
Depressão e obesidade: problemas de saúde pública
Não é exagero ou brincadeira: tanto depressão quanto obesidade são consideradas doenças pela comunidade médica. Com efeito, são condições perigosíssimas para a saúde.
A obesidade pode, como sempre dizemos aqui no blog, causar dezenas de problemas de saúde, tendo enorme potencial de comprometer a qualidade de vida das pessoas, incapacitar ou até levar a óbito. Ainda assim, quase 19% dos brasileiros são obesos.
Já a depressão, que atinge quase 6% da população brasileira, pode impactar profundamente nas perspectivas de vida de seu portador: desânimo, isolamento, dificuldade para realizar tarefas simples e trabalhar, além de fortes consequências na interação social e pessoal, como a dificuldade para ter amigos e relacionamentos conjugais.
Esse cenário de total desarranjo na vida normalmente vem acompanhado de pensamentos negativos persistentes na pessoa com depressão, como acreditar ser incapaz, inútil e até mesmo imaginar que os amigos e parentes viveriam melhor sem ela.
Não à toa, a depressão é uma condição que pode levar o indivíduo a planejar e tentar suicídio em vários casos. Essa relação não passa despercebida aos órgãos de saúde pública: a Organização Mundial da Saúde considera a depressão como a segunda maior causa de incapacitação no mundo.
Vamos entender agora como depressão e obesidade estão relacionadas entre si!
Obesidade causa depressão… e vice-versa
Revisando 15 estudos sobre a relação entre depressão e obesidade, uma pesquisa na Holanda revelou que pessoas obesas têm 55% mais chances de desenvolver depressão e que quem tem depressão apresenta 58% mais chances de desenvolver obesidade.
Um estudo holandês realizado entre 2015 e 2017 também aponta a relação entre depressão e obesidade: 15% das pessoas com Transtorno Depressivo Maior (TDM) relataram aumento do apetite e do peso quando deprimidas e foi observada a relação do TDM com problemas cardiovasculares, diabetes tipo 2 e excesso de peso.
Sabe-se que, para quem tem depressão, a comida pode exercer um “papel antidepressivo”, aliviando o sofrimento. Esse papel pode levar ao consumo excessivo de alimentos açucarados, gordurosos e ultraprocessados, culminando no ganho de peso.
Além disso, a depressão provoca interferências químicas no cérebro em resposta ao estresse, o que desregula os hormônios e pode provocar um maior acúmulo de gordura. O estresse também favorece a criação de um estado inflamatório crônico no corpo, o que facilita o ganho de peso e é uma das principais características da própria obesidade.
A desregulação hormonal provocada pela depressão impacta na obesidade: tende a prejudicar o hipotálamo, que, por sua vez, é responsável pela leptina, hormônio que regula apetite e sensação de saciedade — impactando, assim, diretamente no peso corporal.
A outra via
No caminho inverso, a obesidade também pode provocar depressão. É comum que pessoas com excesso de peso sofram preconceito e tenham dificuldades em interações sociais, o que favorece o surgimento da depressão.
A obesidade pode fazer com que o indivíduo sinta-se incapaz, deslocado, ou, por ser diferente dos padrões de beleza socialmente aceitos, feio ou até repulsivo. Esse cenário, infelizmente, cria um ambiente muito favorável para que a depressão se instaure.
Além disso, uma dieta rica em gorduras trans e saturadas — que, por si só, podem ajudar a provocar obesidade — pode aumentar em 50% os riscos de depressão.
Como superar esse ciclo vicioso, ganhando saúde e qualidade de vida? Vejamos!
Superando depressão e obesidade
Como vimos, depressão e obesidade são doenças graves e que precisam ser tratadas com cuidado e seriedade. Para quem tem ambas as condições, trabalhar em múltiplas frentes é fundamental para transformar a situação de forma eficaz.
Para tratar especificamente a depressão, é imprescindível buscar atendimento profissional. O acompanhamento de um psicólogo, e, eventualmente, de um psiquiatra é de grande valia na compreensão e tratamento do problema com a profundidade que ele exige.
Além disso, a adoção de uma alimentação saudável e a inserção de exercícios físicos na rotina semanal — mesmo que com pouca intensidade — ajudam a “virar o jogo” da questão hormonal e podem ser de grande valia no combate à depressão. Naturalmente, são medidas que também ajudam a perder peso, atacando também a obesidade.
Mas é importante lembrar que a obesidade é um problema complexo e, associada à depressão, torna-se indispensável o tratamento profissional. No Hospital da Obesidade, contamos com mais de 70 profissionais de diferentes áreas da saúde e permitimos ao paciente um tratamento multidisciplinar sem cirurgia.
Combinando alimentação balanceada, exercícios físicos direcionados e acompanhamento médico e psicológico, dispomos de tudo que o paciente precisa para superar a obesidade — e, com a combinação desses pilares, também ajudando a tratar a depressão! Não perca tempo. Dê-se uma chance de mudar de vida!