É muito comum que pessoas obesas em processo de emagrecimento venham a interromper o tratamento da obesidade em algum momento. Seja para aproveitar um período festivo ou por não acreditar que o tratamento está surtindo efeito, muita gente decide suspender ou “dar um tempo”.
No entanto, embora comum, a interrupção do tratamento é, provavelmente, a pior coisa que alguém em luta contra a obesidade pode fazer. Não só pela tendência de retrocesso do quadro, mas também por vários motivos que podem levar o paciente a não retomar mais ao tratamento.
Hoje vamos entender o estigma que existe em torno do tratamento da obesidade e por que tantas pessoas, após pararem de se tratar, não retornam e acabam, na prática, abandonando a luta pelo emagrecimento saudável. Vamos lá!
Quando a culpa recai sobre o tratamento da obesidade
Diferente de outras doenças, a obesidade conta com um estigma sobre o tratamento, o qual é “culpado” pelo eventual fracasso na busca pelo emagrecimento saudável. É o que observa o médico endocrinologista e Doutor em medicina e na USP, Dr. Bruno Halpern.
Ocorre da seguinte maneira: quando, por algum motivo, alguém decide interromper o tratamento da obesidade, e começa a enfrentar o ganho de peso, muitas vezes coloca a culpa no tratamento, e não em sua interrupção.
Isso faz com que o paciente, de forma errônea, abandone de vez o tratamento da obesidade, regredindo todo o caminho que havia sido percorrido. Pode-se até chegar a um ponto pior do que antes, principalmente se o paciente “descontar” a frustração na comida.
Para doença crônica, tratamento crônico
Embora muitas pessoas não vejam dessa forma, a obesidade é uma doença e precisa ser tratada como tal. Considerando que é uma enfermidade crônica, seu tratamento também precisa ser crônico, ou seja, contínuo.
Esse é o aviso do Dr. Bruno Halpern: diante disso, suspender ou abandonar o tratamento por conta própria só vai piorar as coisas. O tratamento “não precisa sempre ser igual. (…) Significa apenas que, se uma estratégia que uso é interrompida, preciso otimizar as outras”, ressalta.
A constância faz toda a diferença no tratamento da obesidade a longo prazo. Então, nada de interromper por conta própria!
Frustrações no tratamento da obesidade
Muito comum, a decisão de interromper o tratamento normalmente é motivada por alguma frustração, como não observar o progresso desejado. Muitas pessoas, por exemplo, têm uma boa resposta no início e depois evoluem mais lentamente, o que provoca um desapontamento.
Outra ocorrência comum é sentir que o tratamento não está funcionando quando as pessoas se comparam com outras – mesmo que o resultado delas tenha sido positivo.
O que também acontece é a famosa pausa para os festejos de fim de ano, o que pode ocasionar um pequeno ganho de peso. “O ganho de peso nas festas costuma desestimular; os pacientes se sentem envergonhados de voltar [ao médico]”, explica o Dr. Halpern.
Pacientes que recuperam, por exemplo, dois ou três quilos, podem ficar envergonhados ou frustrados e desistirem de voltar ao médico, acabando por interromper o tratamento da obesidade. “Alguns pensam ‘vou emagrecer antes de voltar’”, conta o dr. Halpern, “esquecendo que é muito mais importante voltar ao médico quando as coisas estão mal do que quando estão bem”.
Pode acontecer de o paciente até mesmo não se pesar, temendo constatar o ganho de peso, e perder o acompanhamento. Nesses casos, a ausência de monitoramento do peso leva o paciente a perder seu referencial e pode ocasionar uma nova piora no quadro.
O tratamento é fundamental para um emagrecimento saudável
A conclusão é clara: a luta contra a obesidade precisa de determinação, foco e continuidade. O tratamento deve ser acompanhado por especialistas, e, de jeito nenhum, deve ser interrompido antes da hora pelo paciente por conta própria.
Isso vale, principalmente, para as falhas e oscilações do processo, que são naturais e não farão grande diferença se o tratamento for mantido a longo prazo. Pequenos ganhos de peso, ou perdas mais lentas, não devem ser fator de desistência, e sim de motivação para seguir adiante.
Como abrir exceções de forma segura
Pode surgir uma necessidade muito grande de abrir uma exceção no tratamento, principalmente em períodos festivos. Nessas situações, é necessário cuidar para que seja feita de forma segura:
- A exceção deve ser muito pontual, de um ou dois dias no máximo, a fim de evitar a perda do controle;
- Mantenha a moderação, procurando evitar pratos muito calóricos e salgados e consumindo pouco ou nenhum álcool;
- Em festas, evite “beliscar”. Sirva-se sem exageros, em um único prato e coma lentamente, ficando atento para comer apenas o que a fome pedir;
- Muito cuidado com as sobremesas: prefira aquelas feitas a partir de frutas, de forma natural, e consuma o mínimo possível. Tentações como sorvete, churros recheados e leite condensado devem passar longe da sua mesa!
O que fazer quando perder o controle
Se você acabou perdendo o controle nesse período de pausa, teve uma recaída ou interrompeu o tratamento de forma não programada, há algumas atitudes que devem ser tomadas:
- Retome o tratamento imediatamente. Pensar em deixar o médico para depois, ou em esperar mais alguns dias antes de voltar a praticar exercícios ou dieta, está fora de questão. Volte ao tratamento que estava fazendo logo no dia seguinte;
- Evite se culpar pelo erro; um autojulgamento muito rígido costuma levar muitas pessoas a descontarem a culpa e a frustração na comida, piorando ainda mais a situação.
- Não desanime! Tenha em mente que a continuidade do tratamento é o mais importante e que oscilações são naturais, compense o erro e mantenha a regularidade.
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