Lipedema e obesidade são doenças diferentes. Entenda!

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O lipedema é uma doença crônica que provoca o acúmulo irregular de gordura nas pernas, coxas e, em alguns casos, nos braços. Enquanto, a obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo excesso de gordura corporal, que tem causas complexas e é influenciada por diversos fatores: genético, ambiental e comportamental.

Muitas vezes, confundido com obesidade ou linfedema, o lipedema distingue-se por sensibilidade, dor e facilidade para hematomas. É importante diferenciar cada condição citada acima, pois um diagnóstico preciso permite oferecer ao paciente as melhores opções de tratamento e suporte.

Vamos falar sobre Lipedema?

Segundo especialistas, o lipedema afeta principalmente mulheres e pode ter causas genéticas e hormonais. O diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações, mas a falta de informação ainda dificulta o seu reconhecimento.

Recentemente, a condição que afeta milhões de mulheres ao redor do mundo, tem ganhado mais visibilidade, sendo tema de reportagens e discussões nas mídias sociais, especialmente quando figuras públicas começam a falar abertamente sobre o assunto.

A modelo e influenciadora Yasmin Brunet, de 36 anos, quando esteve na edição do BBB em 2024, revelou sofrer a doença e trouxe à tona as dores e inseguranças que a doença causava em sua vida. Após sair da casa, Yasmin ajudou a trazer mais atenção sobre o assunto e usa suas redes sociais para detalhar as mudanças em sua rotina para controlar os sintomas.

Reconhecimento internacional e desafios no Brasil

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu oficialmente o lipedema como uma doença distinta. Três anos depois, em 2022, a condição foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), um sistema amplamente utilizado para padronizar diagnósticos e facilitar o desenvolvimento de políticas de saúde.

Apesar desse avanço global, a adoção da CID-11 no Brasil foi adiada de 2025 para 2027 pelo Ministério da Saúde, que justificou a decisão com a necessidade de treinar profissionais e atualizar os sistemas. Essa postergação pode impactar o acesso dos pacientes a um diagnóstico preciso e a tratamentos adequados.

Sintomas do Lipedema: como identificar

O lipedema apresenta sinais específicos que ajudam a diferenciar outros tipos de acúmulo de gordura. Entre os principais sintomas estão:

  • Acúmulo desproporcional de gordura: geralmente nas pernas, coxas, quadris e, em alguns casos, nos braços, sem afetar mãos e pés.
  • Sensibilidade e dor ao toque: A região afetada pode ficar dolorida, mesmo sem pressão intensa.
  • Tendência a hematomas: a fragilidade capilar torna a pele mais propensa a manchas roxas.
  • Dificuldade na mobilidade: em estágios avançados, o peso extra nas pernas pode causar desconforto ao caminhar.
  • Pele com aspecto nodular: muitas vezes comparada a “casca de laranja” devido ao acúmulo irregular de gordura.

Estágios do Lipedema

Identificar o lipedema, o quanto antes, faz toda a diferença. Pois a doença tende a progredir com o passar dos anos, e esta evolução é medida em quatro estágios, de acordo com a gravidade das alterações na pele e no tecido adiposo:

  • Estágio 1: A pele ainda é lisa, mas há um acúmulo de gordura desproporcional, tornando a região mais volumosa. Pode haver sensibilidade e tendência a hematomas.
  • Estágio 2: A pele começa a apresentar irregularidades, como pequenos nódulos de gordura, e pode ganhar uma textura semelhante à “casca de laranja”. A dor e os hematomas se tornam mais frequentes.
  • Estágio 3: Há um aumento significativo de gordura e nódulos mais perceptíveis, formando dobras e deformidades na pele. A mobilidade pode ser afetada.
  • Estágio 4: Nesse estágio avançado, ocorre o desenvolvimento do lipolinfedema, onde há um comprometimento do sistema linfático, intensificando o inchaço e a dificuldade de locomoção.

Tipos de lipedema

Além da classificação por estágios, o lipedema também pode ser classificado por localização anatômica:

  • Tipo I – Caracteriza-se pelo acúmulo de gordura na região dos quadris e glúteos, sem afetar as pernas de forma significativa.
  • Tipo II – A gordura se estende dos quadris até os joelhos, sendo comum o acúmulo na parte interna dos joelhos.
  • Tipo III – Ocorre em toda a extensão das pernas, dos quadris até os tornozelos, com uma diferença evidente entre os tornozelos e os pés, que permanece sem inchaço.
  • Tipo IV – Afeta não apenas as pernas, mas também os braços, levando ao acúmulo de gordura nos membros superiores.
  • Tipo V – Concentra-se nas panturrilhas, deixando as pernas com aspecto desproporcional ao restante do corpo.

O diagnóstico precoce feito por um especialista, aliado ao tratamento adequado, é fundamental para impedir a progressão da doença.

Diagnóstico e Tratamento

No lipedema, é essencial identificar os sinais e sintomas, compreendê-los e buscar o tratamento adequado, garantindo que não comprometam sua saúde e qualidade de vida. O diagnóstico é clínico e deve ser feito por um profissional especializado, como um angiologista, cirurgião vascular ou dermatologista, já que exames comuns nem sempre identificam a condição.

O tratamento pode envolver mudanças no estilo de vida, como adotar novos hábitos alimentares e manter uma rotina de exercícios. Além disso, terapias físicas, como drenagem linfática e uso de meias de compressão, e, em alguns casos, procedimentos cirúrgicos, como a lipoaspiração tumescente, específica para lipedema, ajudam muito a reduzir o inchaço. O tratamento da obesidade também auxilia bastante na regressão do lipedema.

Referências:

“Lipedema: a ‘nova doença’ que causa acúmulo de gordura nas pernas e braços e afeta 10% das mulheres”. BBC News Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cj913wmvrp0o. Acesso em: 01 abr. 2025.

“Lipedema: a ‘mais nova’ doença na lista da OMS que talvez você tenha que saber”. Folha de São Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2025/01/lipedema-a-nova-doenca-na-lista-da-oms-que-talvez-voce-tenha-sem-saber.shtml?utm_source=chatgpt.com. Acesso em: 26 mar. 2025.

“Prevalência e fatores de risco para lipedema no Brasil”. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1677-5449.202101981. Acesso em 02 abr. 2025.

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