Muitas pessoas obesas se consideram saudáveis devido a possuírem um estilo de vida ativo e apresentarem bons resultados em exames laboratoriais e de imagem, entre outras condições físicas aparentes. Mas será que obesidade pode ser saudável?
Na verdade, para especialistas, obesidade não pode ser considerada saudável: o que muitas pessoas ignoram é que a obesidade, por si só, é uma doença, e aumenta os riscos da pessoa desenvolver uma série de complicações de saúde, as chamadas comorbidades. No post de hoje, vamos entender um pouco mais sobre o mito do gordo saudável, e esclarecer a equivocada ideia de que existe saúde na obesidade.
Obesidade, uma doença perigosa
Embora seja considerada apenas como uma questão estética por muitas pessoas, a obesidade é oficialmente considerada doença crônica. Em 2013, a American Medical Association foi a primeira entidade a classificar a obesidade dessa forma, seguida por outras, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A classificação como doença se deve ao fato de que a obesidade, por si só, pode provocar ou agravar inúmeros problemas de saúde, comprometendo a qualidade de vida e aumentando as chances de óbito.
Hoje, no Brasil, mais de 70% das mortes são provocadas por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). As categorias de DCNT que mais matam – diabetes, doenças respiratórias, cardiovasculares e neoplasias – podem ser provocadas ou agravadas por quadros de obesidade. “Exercícios físicos e boa alimentação são essenciais, mas não garantem 100% de isenção do desenvolvimento de doenças cardiovasculares”, esclarece Pedro Augusto Bastos, cardiologista do INCOR.
Esses dados resultam numa estatística triste e preocupante: se não tratada, a obesidade reduz, em média, 12 anos na expectativa de vida do indivíduo. Portanto, sim, estamos falando de uma doença perigosa.
Vida ativa e exames em dia não determinam que obesidade pode ser saudável
Os riscos da obesidade estão sempre presentes, independente do estilo de vida de quem tem a doença, de como estejam os resultados de seus exames laboratoriais ou de imagem, alerta Jorge Cordeiro, psicólogo do Hospital da Obesidade. “A obesidade é uma manifestação perigosa, e certamente afetará, mais cedo ou mais tarde, a saúde do paciente de forma agressiva”, ressalta.
Para Jorge Cordeiro, a ideia de que um obeso possa ser considerado saudável, apesar de sua condição, é um mito que precisa ser, urgentemente, desconstruído. “Muitas pessoas se autointitulam: ‘sou um gordinho saudável’. Isso é um mito! Obesidade é doença, e, como tal, precisa ser tratada”.
Os resultados dos exames laboratoriais, dentro da faixa de referência tida como adequada, podem revelar um falso positivo de saúde, ou seja, eles não devem ser considerados, em absoluto, como indicadores de que somos saudáveis.
O organismo trabalha em prol da homeostase (capacidade de manter a estabilidade). Por outro lado, o estilo de vida não saudável e a alimentação disfuncional exigem demasiadamente dos sistemas regulatórios, promovendo a falência prematura desses sistemas.
Os resultados dos exames têm que estar relacionados a um estilo de vida saudável, envolvendo alimentação nutritiva e balanceada, atividade física regular e equilíbrio psicológico.
O principal risco da obesidade, mesmo para os obesos mais ativos e atentos a hábitos saudáveis, ainda é o de doenças cardiovasculares; o excesso de peso aumenta as chances de diabetes, pressão alta e colesterol alto, principais causadores de problemas como derrame e ataque cardíaco.
A perda real de peso, com o objetivo de sair da obesidade, deve ser o foco de quem atualmente se contenta com exames “em dia” e estilo de vida ativo, explica Jorge Cordeiro. “Faz-se necessária a perda significativa de peso associada a uma desintoxicação, depuração: física, orgânica e psíquica. Isto se dá em condições apropriadas de tratamento”, finaliza.