A pessoa começa a comer e, mesmo sem fome, não pára mais até que o alimento acabe. Quando ela cai em si, percebe que ingeriu uma grande quantidade de comida. Você reconhece esse episódio? Já passou por isso? Afinal, como controlar a compulsão alimentar?
Antes de mais nada é interessante dizer que nem sempre aquele exagero alimentar do fim de semana pode ser considerado o transtorno. Pensando nisso, resolvemos trazer este post para explicar mais sobre o assunto, como os sintomas, os fatores de risco e o tratamento. Vamos lá?
O que é, exatamente, a compulsão alimentar?
A compulsão alimentar é uma doença mental, um distúrbio caracterizado pela alta ingestão de alimentos em um curto espaço de tempo. Além disso, quem tem esse transtorno come até mesmo sem sentir fome ou necessidade física da comida.
É bem comum que a pessoa compulsiva perca o controle e nem se dê conta da quantidade que está comendo. Não pense que esses episódios acontecem somente quando se tem acesso a uma comida preferida. Muitas vezes, aquele alimento não é o que o compulsivo mais gosta, mas mesmo assim ele não consegue parar de comer.
Aliás, isso pode ser algo que difere quem tem o transtorno de quem tem algumas situações de compulsão. Por exemplo, exagerar nas festas de fim de ano ou em um jantar especial, não significa que a pessoa tem o distúrbio da compulsão.
Comer demais esporadicamente pode ser considerado uma ocasião normal. Entretanto, se isso se torna um hábito e o indivíduo não consegue controlar, pode ser um caso de compulsão alimentar. Sendo assim, podemos dizer que o compulsivo é um dependente de comida.
Quais são os sintomas da compulsão alimentar?
Um sinal de alerta deve ser dado assim que a pessoa passa a comer com maior frequência além do necessário. Beliscar sem sentir fome não é saudável e deve ser encarado como um aviso de que algo está errado. Alguns sintomas da compulsão alimentar são:
- comer muito rápido;
- comer por comer, mesmo sem qualquer sinal de fome;
- comer sozinho ou escondido de outras pessoas;
- não parar de comer enquanto o alimento não acaba;
- sentir tristeza e/ou culpa por comer demais;
Além desses sinais, existem alguns pensamentos que são comuns aos compulsivos alimentares e que podem indicar o transtorno. Veja:
- “já saí da dieta mesmo, vou comer mais, amanhã volto para o regime”;
- “ficarei só em casa, vou aproveitar para comer o que quiser”;
- “estou triste, mereço comer algo para me alegrar” aqui, a pessoa pode trocar o “triste” por qualquer outro sentimento, é o famoso “comer emoções”;
- “não consigo me controlar”;
- “posso comer bastante, ninguém vai saber”.
Quais são os fatores de risco para esse distúrbio alimentar?
A compulsão alimentar pode surgir de diversas maneiras. Por esse motivo é preciso ficar atento aos fatores de risco que podem desencadear o distúrbio. Confira os principais, a seguir:
Dietas restritivas
As dietas restritivas são aquelas que limitam muito a quantidade de calorias ingeridas, excluem nutrientes ou proíbem muitos tipos de alimentos. Com exceção das recomendações médicas, seguir um cardápio rígido pode levar ao gatilho de comer demais.
Isso porque é difícil manter esse padrão alimentar durante muito tempo, e o indivíduo pode acabar tendo desejos por comidas “proibidas”. É o famoso “enfiar o pé na jaca”. Viver nesse ciclo pode fazer com que a pessoa desenvolva a compulsão.
Comer por conforto
Sabe as situações que nos deixam triste? Enquanto algumas pessoas perdem a fome, outras passam a comer compulsivamente. Término de relacionamentos, ocasiões de estresse, momentos de angústia etc. Tudo pode ser um gatilho para a compulsão alimentar. E não é só isso. Em situações de alegria e euforia, a comida também pode ser encarada como uma recompensa.
Baixa autoestima
A autoestima é a nossa capacidade de gostar de quem somos tanto por dentro quanto por fora. Problemas com a imagem corporal e com a autoestima podem levar à compulsão. Isso porque o indivíduo passa a seguir dietas cada vez mais restritivas a fim de “melhorar a sua aparência”.
Então, ele cai na armadilha dos cardápios restritivos, como mostramos. Além disso, a insatisfação com o corpo pode levá-lo a comer mais com o pensamento de “já estou gordo mesmo, vou comer”.
Problemas emocionais
Problemas emocionais como estresse, depressão e ansiedade também podem desencadear a compulsão alimentar. Nesse caso, os indivíduos buscam na comida uma forma de prazer, já que essas condições alteram o humor e o bem-estar.
Distúrbios alimentares
A compulsão alimentar é um distúrbio que, por sua vez, pode desenvolver outro tipo de transtorno alimentar: a bulimia. Nessa condição, depois de comer compulsivamente, a pessoa se sente muito culpada e toma medidas drásticas em uma tentativa de “reduzir os danos” da comida ingerida, como vomitar ou consumir laxantes.
Quais são as consequências desse transtorno?
As consequências da compulsão alimentar podem ser graves, desde baixa autoestima até comorbidades relacionadas ao sobrepeso. Isso porque os episódios frequentes da ingestão de grande quantidade de comida levam ao ganho de peso.
A obesidade pode levar a doenças cardiovasculares, AVC, diabetes tipo 2, colesterol alto, pressão alta etc. Outros problemas da compulsão alimentar são:
- gastrite;
- hérnia de hiato;
- bulimia;
- anorexia;
- transtornos psicológicos, como depressão.
Como tratar a compulsão alimentar?
Ao notar comportamentos que podem ser identificados como compulsão alimentar, o ideal é buscar por ajuda médica. Uma vez que o distúrbio é diagnosticado, o indivíduo passa por tratamento multidisciplinar, com vários profissionais de saúde, como médico, psicólogo e nutricionista.
O psiquiatra, por exemplo, pode receitar medicamentos para ansiedade. Enquanto o nutricionista atua na reeducação alimentar. Além disso, o acompanhamento psicológico trabalha na parte emocional do problema.
A prática de exercícios físicos e de atividades de bem-estar, como meditação e yoga, também são muito indicadas. Isso porque ajudam a manter as saúdes física e mental.
Como controlar a compulsão alimentar?
Se por um lado o distúrbio da compulsão alimentar deve ser tratado e acompanhado com ajuda profissional, os episódios de compulsão alimentar pode ser evitados. A seguir, reunimos algumas estratégias que podem ser utilizadas:
- Mantenha uma alimentação saudável, com todos os grupos alimentares. Um organismo bem-nutrido tende a sentir menos fome;
- Não faça refeições na correria e concentre-se no momento;
- sente-se à mesa, sem qualquer aparelho eletrônico que possa distraí-lo, mastigue lentamente saboreando cada garfada;
- Não tenha em fácil acesso alimentos que sirvam de gatilho;
- Tenha um estilo de vida saudável, praticando atividades físicas, dormindo bem e cuidando da saúde mental.
A compulsão alimentar é um distúrbio associado a condições emocionais e comportamentais. Ela tem como consequência a obesidade, que traz diversas doenças relacionadas. Sendo assim, é importante buscar ajuda médica para tratá-la.