Obesidade e vacinação: importância x preconceito

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Grupo prioritário para a vacinação contra a covid-19, as pessoas com obesidade severa são especialmente vulneráveis à doença. Devido ao risco que correm, pessoas com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 40 têm prioridade na fila da vacina e já estão sendo imunizadas em boa parte do país.

No entanto, apesar do risco muito maior de desenvolverem formas graves da covid-19, muitas pessoas com obesidade severa parecem não estar dispostas a se vacinar.

A sensação de culpa pela própria condição, o constrangimento de se expor e a discriminação exercida por parte da sociedade levam muitos obesos a abrir mão dos seus direitos.

Hoje, vamos abordar a extrema importância da vacinação contra a covid-19 para pessoas com obesidade, o porquê dos obesos serem um grupo prioritário e a discriminação que, infelizmente, tem prejudicado de diversas formas a imunização das pessoas com IMC acima de 40.

Para começar: obesidade é doença

Inicialmente, é preciso responder à questão: por que pessoas com obesidade são grupo prioritário? A resposta está na compreensão das enormes consequências negativas que a obesidade traz para a saúde.

A obesidade é considerada uma doença crônica pela Organização Mundial de Saúde, tendo lugar na Classificação Internacional de Doenças. Essa classificação ocorre pois a obesidade provoca um estado inflamatório crônico no corpo, o que causa sobrecarga no organismo.

Por si só, a obesidade tem potencial de provocar inúmeros problemas de saúde. Diabetes, hipertensão, diversos tipos de câncer, esteatose hepática (gordura no fígado), doenças respiratórias, cardiovasculares e renais são apenas alguns exemplos.

Ao contrário do que se imaginava anos atrás, o estado de saúde de uma pessoa com obesidade não deve ser avaliado apenas pelos resultados de seus exames. Mesmo com os exames “em dia”, o obeso corre risco mais alto de sofrer com as consequências do excesso de peso. Então, sim: a obesidade, por si só, é perigosa. Trata-se de uma doença e deve ser encarada como tal.

Obesidade e covid-19

Por todos os riscos da obesidade que mencionamos acima, o excesso de peso é um sinal de alerta quando associado a várias doenças — inclusive a covid-19. O risco aumentado da covid-19 para pessoas com obesidade já foi assunto aqui no blog, inclusive.

Pessoas com obesidade têm disfunção imunológica, ou seja: o sistema imunológico não funciona como deveria, o que fragiliza o corpo no caso de contato com o novo coronavírus.

Além disso, a obesidade fragiliza o sistema respiratório, justamente o mais afetado pela covid-19. Pessoas com obesidade têm uma menor capacidade respiratória e normalmente precisam também de maior esforço para respirar, o que só complica as coisas em caso de infecção pelo SARS-CoV-2.

Outros problemas associados à obesidade, como hipertensão, diabetes, colesterol alto e esteatose hepática, também são fatores de risco em caso de covid-19, o que tende a complicar ainda mais as coisas.

O resultado se mostra nas estatísticas: o risco de morte por covid-19 em pacientes obesos pode ser até quatro vezes maior em casos de obesidade severa — justamente o grupo considerado como prioritário na vacinação contra a doença.

Ficou fácil entender o porquê de pessoas com obesidade severa (ou mórbida) serem grupo prioritário na vacinação, não é mesmo?

Gordofobia: o preconceito na vacinação

Pessoas com excesso de peso são habituais vítimas de todo tipo de preconceito. Apelidos pejorativos, piadas de mau gosto e até dificuldades no acesso ao emprego, serviços e direitos podem ser situações cotidianas na vida de quem tem obesidade.

É a chamada “gordofobia”: a aversão ao corpo com obesidade. Pessoas “gordofóbicas” menosprezam os obesos — muitas vezes, considerando-os responsáveis por sua condição e qualificando-os como “preguiçosos” e sem força de vontade.

A gordofobia provoca constrangimento em pessoas com obesidade, que podem até abrir mão de sua vida social por medo do preconceito ou vergonha do próprio corpo. Não raro, é um problema que pode levar a complicações de saúde mental, como depressão, ansiedade e transtornos alimentares.

Há relatos de que a gordofobia esteja presente até entre os profissionais de saúde, embora pouco comentada. Muitos profissionais culpam o paciente obeso por sua condição e fazem atendimentos superficiais, chegando até mesmo a emitir diagnósticos equivocados. Falta a compreensão de que o problema é a obesidade, e não a pessoa obesa em si.

Gordofobia atrapalha imunização

Na vacinação contra a covid-19, a gordofobia novamente se mostra. Diversos relatos expõem piadas e julgamentos com pessoas obesas que se vacinaram, além de mau atendimento nos consultórios e postos de vacinação. Muita gente parece considerar os obesos como indignos da prioridade por, supostamente, serem responsáveis por sua condição.

No Rio de Janeiro, por exemplo, uma mulher com obesidade relatou preconceito ao tentar emitir laudo médico que comprovasse sua condição. O médico disse que ela “não fazia nada para se tratar”, recomendou cirurgia bariátrica sem qualquer análise e só emitiu o atestado depois de pedir exames complementares, quando o simples cálculo do IMC seria suficiente.

O Ministério da Saúde alega que “exames, receitas, relatório ou prescrição médica, entre outros”, servem como comprovante da comorbidade para vacinação. No entanto, muitos municípios exigem laudo médico, dificultando o acesso das pessoas com obesidade à vacina. A enorme falta e conflito de informações também prejudica a vacinação da população obesa.

Independentemente das dificuldades e do preconceito que, infelizmente, reina quando o assunto é obesidade, a necessidade de vacinar permanece. Se você tem IMC igual ou superior a 40, não abra mão dos seus direitos! Sua vida vale mais do que qualquer barreira de preconceito ou violência.

Tratar a obesidade e reduzir o risco da covid-19

Além da vacinação, é importante tratar a obesidade em si. Não apenas para reduzir os riscos da covid-19, mas também para combater as dezenas de complicações à saúde que o excesso de peso pode trazer.

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